lundi 31 mai 2010

Vengo a ofrecer mi corazon

ficar vulnerável...
ou pôr grades, portas e trancas e ficar lá dentro no "cocoon"... no escuro, no silêncio... não vivo, não sinto!
...escancarar a alma e correr riscos...
ficar vunerável... ser "intensa e imensa"... ser total, ser integral...
ou então o medo do risco, da perda, da dor...
e o tempo... o tempo... o tempo.... o tempo...
... o amor já não é um reflexo como ontem...
agora há sempre um pedaço de temor, um pedaço de razão...
Mas como abrir o peito e tirar a alma?
como não oferecer o coração?...

Carla

dimanche 30 mai 2010

"Escrever" par Hubert Nyssen

"Mais oui, bien sûr, je fais voir dans ces carnets des épisodes de ma vie. Et alors ? J'écris non pour m'en prévaloir mais pour en partager la quintessence. J'écris pour mes proches et pour des inconnus qui proches le sont aussi sans que je le sache. J'écris afin de dire par la description du quotidien les saveurs discrètes de la vie que je traverse, lentement désormais, et pour suggérer que des saveurs de cette espèce existent dans toute vie. J'écris pour me fixer des repères qui me permettent de retrouver des souvenirs et des sentiments que je ne décris pas, j'écris pour en montrer le clair et l'obscur, le doux et l'amer. J'écris pour retenir quelques instants ceux que le torrent emporte. J'écris chaque matin comme si j'allais nager pour reprendre conscience des capacités de mon corps. J'écris pour ne pas perdre l'habitude de nommer ce qui, sans l'être, ferait naufrage dans l'oubli. J'écris, mais souvent j'attends avant de donner à lire. Le temps que je sache, en relisant moi-même, s'il s'agit bien de ce que je voulais écrire."

(Hubert Nyssen)

mardi 25 mai 2010

Um violino na pele


Conheci Anne-Sophie Mutter através de um documentário sobre Karajan. Nesse programa apareceu uma menina a tocar violino que fez vibrar a minha "corda sensível"...
Impressionou-me não só a emoção transmitida na música mas também a imagem de Anne-Sophie com o violino em contacto directo com a pele... ao ouvi-la senti um arrepio de emoção, esse tipo de sensação que pertence a uma outra dimensão do sentir... algo que vem de lá, onde só a alma manda...
Depois desse "encontro" tenho acompanhado o trabalho da sua Fundação, aqui bem perto do Luxemburgo e sempre que é possível, vou vê-la tocar. Foi o que aconteceu há alguns dias atrás. Anne-Sophie tocou e encantou o Luxemburgo que abarrotou a nova e linda sala da Philamonie. Foi uma festa para os sentidos e para a alma. Anne-Sophie tocou, encantou e surpreendeu o público saindo no intervalo para uma sessão de autógrafos. Claro que eu não perdi essa oportunidade. Ganhei dela além de um lindo sorriso um autógrafo no meu CD. Saí com a alma inchada de alegria e prazer, admirando o meu CD como um troféu! No regresso a casa ouvi-a de novo e pensei que encontros mágicos assim fazem a vida saber ainda melhor.

lundi 24 mai 2010

Callas e os índios


Há algumas semanas vi na France 3 uma reportagem realizada por uma equipe de jornalistas e antropólogos franceses numa tribo de índios brasileiros que vive em estado de isolamento total nos confins da floresta amazónica.
Sem me alongar muito com tudo aquilo que me impressionou na reportagem e nas lições de filosofia de vida, de civismo e humanismo que pude retirar ao aprender sobre aquele grupo, gostaria contudo, de realçar algo que me impressionou e tocou profundamente: o encontro daqueles indígenas com a música.

Os homens da tribo reuniram-se todos numa das habitações da aldeia onde foi instalado um laptop. No écran do computador iam surgindo imagens do "mundo civilizado"... recordo-me apenas de algumas... guerra, arranha-céus, hamburger, mulheres com burka, neve... só para citar algumas das imagens que apareciam numa ordem arbitrária e que iam provocando em todos as mais variadas reações: espanto, riso, revolta, incompreensão, dúvida, perplexidade, etc... até ao momento em que surgiu no écran a figura de Maria Callas interpretando uma ária.
Os risos e os comentários pararam e fez-se silêncio. Todos os índios, adultos e crianças, de olhos pregados no laptop ouviam aquela música estranha.. que não se parecia com coisa nenhuma que já tivessem ouvido antes e da qual não compreendiam uma única palavra mas que ia provocando neles estranhas e indescritíveis sensações... algo inexplicável estava a acontecer no íntimo de cada um e só era visível pelas lágrimas que começaram as rolar nas suas faces.
Terminado o pequeno vídeo, alguém lhes perguntou o que tinham sentido ao ouvir aquela música, responderam que, na verdade, não sabiam definir exactamente o que sentiam mas que era algo que não precisava nem de tradução e nem de explicações porque se tratava da "fala" da alma. Disseram mais, "o que aquela mulher com uma voz tão linda e tão sentida cantava só podia vir do mais fundo do seu ser e por isso penetrava nos corações de quem a escutava".

Deste lado do mundo, ao assisitir àquele espectáculo de vida onde a alma humana era a protagonista também eu me emocionei e chorei com aqueles índios, em diferido no tempo mas em uníssono no sentir. Afinal somos todos tão parecidos meio às nossas diferenças e rótulos... repeti mais uma vez baixinho e só para mim, as palavras do índio: a música, universal... indescritível... inexplicável... penetrante... é a "fala" da alma...

"A música é revelada em nós, mas não por nós. A música brota de nosso coração misterioso, manifestando sentimentos que sequer imaginávamos possuir; digo: hospedar. É por isso que dizem que no coração não se manda. Ora! não se pode mandar naquilo que não lhe pertence. E o coração não pertence ao Homem – ele apenas o carrega, presente dado por Deus. O que do coração procede não é dado ao Homem conhecer, excede todo o seu raso entendimento. E eis que o que procede do coração humano, sai em forma de música." (G.de Castro)

jeudi 20 mai 2010

Dia de faxina



(Autor desconhecido)

(...) Tirara do fundo das gavetas lembranças que não o edificavam e que, por isso, não queria mais. Deitara fora alguns sonhos, algumas ilusões e papéis de embrulho que nunca havia utilizado. Fizera o mesmo com a raiva e o rancor das flores murchas que estavam dentro de um livro que não lera.
De repente ficou sem paciência. Tirou tudo de dentro do armário e deitou no chão: paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras horríveis que nunca queria ter dito, mágoas de alguém, lembranças de um dia triste... mas no meio de tanta inutilidade, havia também coisas belas: um bem-te-vi que cantara na sua janela..., um lindo quadro..., aquela lua cor de prata que faz sonhar... um pôr-do-sol... uma música... um poema...
Encantou-se e distraiu-se a olhar para cada uma daquelas lembranças.
Então, sentou-se no chão para poder fazer as suas escolhas.
Num relance, olhou para seus sorrisos futuros e suas alegrias pretendidas e colocou-as num cantinho, bem arrumadas.
Deitou no saco do lixo os restos de um episódio que o magoou e as palavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima foram descartadas no mesmo instante.
Outras coisas que ainda o magoavam, colocou num canto para depois ver o que faria com elas... se as esquecia lá mesmo ou se as mandava para o lixo...
Abriu aquela gaveta onde se guarda tudo o que é mais importante: a fé, o amor, a alegria, os melhores e mais abertos sorrisos... e ficou um bom tempo a contemplá-los... e como foi bom relembrar tudo aquilo!...
Recolheu com carinho o amor encontrado, dobrou direitinho os desejos, colocou perfume na esperança, passou um pano na prateleira das suas metas esquecidas e deixou-as à mostra, para não perdê-las de vista novamente.
Colocou nas prateleiras debaixo algumas lembranças da infância, na gaveta de cima as da juventude e, pendurado bem à frente, colocou a capacidade de amar e de recomeçar(...)

É hora de fazer faxina... há muito "treco" inútil para jogar fora, há pó a limpar nas prateleiras e gavetas para arrumar, também há coisas para guardar... e recomeçar!

Magia!!

Todo o mundo tem uma "trilha sonora da vida", "um bouquet de cheiros", "um vitral de fragmentos de imagens", e um "conjunto de sensações tácteis"... e quando, por acaso, de repente, uma dessas coisas revém, não é só uma sensação de dèja vu, é um bocado de nós e de vida que ressona e vem à tona... é magia!...

mercredi 19 mai 2010


AOS MEUS AMIGOS DO HEMISFÉRIO SUL

Completaram-se agora, no princípio de Maio, dois anos do meu reencontro com os "amigos do Hemisfério Sul". Senti que devia escrever sobre isso...
Não estarei a exagerar se disser que esse reencontro alterou o rumo e ritmo da minha existência! (interjeição exclamativa e com muita ênfase!!!)


Andava eu na minha pacata existência por pacatas terras europeias de pacatas tradições quando, sem esperar, de um momento para o outro, de forma arrebatadora, total, incontrolável e irreversível vi-me passar pelo túnel do tempo! (Sim ele existe e posso dar fé!) E que viagem maravilhosa que me levou aos píncaros da emoção! Entrei, claro, num delicioso estado de euforia que se assemelhava quase ao estado de enamoramento... andava nas núvens, não tinha fome nem sono, todos os dias aparecia mais um amigo do meu passado longínquo e feliz... foi uma festa dentro de mim!

Depois o virtual deu lugar ao real e os amigos encontraram-se, abraçaram-se, relembraram os velhos tempos, compararam aquilo que foram com aquilo em que o tempo e a vida os tinha tornado e, tomados dessa emoção, enxugaram-se mutuamente as lágrimas que foi impossível conter...
Foi lindo. Mas para mim o que se seguiu foi ainda mais lindo...

Passada a emoção e a euforia a realidade voltou à cena com a sua "amiga inseparável" rotina e tratou de repôr os amigos nos "carris da vida", até os mais rebeldes (como eu!rsrs) Todo o mundo voltou, obediente, para o seu "trenzinho". E eis que surgiu a pergunta: e agora? Como manter a proximidade apesar das vidas paralelas e tão distantes? Coisa tão difícil de administrar...

Alguns amigos seguiram no seu "trenzinho" mas outros resolveram continuar a partilhar as suas vidas e tudo o que faz parte delas, alegrias, tristezas, lutas, conflitos, dúvidas, frustrações, fragilidades, esperança, dor, amor...
Essa foi para mim a melhor parte do reencontro e não me canso de agradecer a Deus por este presente que tem representado uma "mais valia" na minha vida ao longo destes dois anos. Este contacto diário, do qual recebo tanto amor, ternura, carinho, apoio, doçura e a certeza absoluta de que a distância não mede de forma nenhuma o afastamento quando se ama e quer-se estar junto. E eu sinto-me tão perto de vocês, meus amigos do Hemisfério Sul!!!

dimanche 16 mai 2010

Novo Centre Pompidou-Metz - L'art à portèe de la main


O novo Centro Pompidou-Metz, com a sua dupla dimensão regional e europeia, é a primeira experiência de descentralização cultural em França a ser orgnizada por um organismo nacional. Este local cultural inédito será uma projecção do Centre Pompidou (Paris) sem no entanto ser uma réplica e responderá ao desejo afirmado de melhor difundir e divulgar as colecções de arte moderna.
Metz é a cidade francesa mais próxima do Luxemburgo, a escassos 70 km do Grão-ducado, e oferece uma grande diversidade cultural. Agora com o novo Centro Pompidou há mais uma razão para ir até lá. Estou radiante! :)

jeudi 13 mai 2010

Il Postino (scene 7-8)

IL Postino

Hoje apeteceu-me falar de um filme que se tornou "coisa minha" por me ter provocado um poderoso cocktail de emoções: "Il Postino" ou "O Carteiro de Pablo Neruda"

O filme, dirigido por Michael Radford e baseado no livro Ardiente Paciencia de António Skármeta, conta a história da amizade entre o poeta Pablo Neruda, exilado numa ilha de Itália, e um humilde carteiro, quase analfabeto, encarregado de cuidar da correspondência do poeta. Gradualmente, forma-se entre os dois uma sólida amizade. O carteiro Mario aprende, pouco a pouco, a escrever seus sentimentos por Beatrice, sua amada, e Neruda ganha, em troca, um ouvinte compreensivo para suas lembranças saudosas do Chile.

O filme é feito de e sobre emoções. As emoções latentes que estão lá, à flor da pele, mas que não ousam mostrar-se, como o amor sentido em segredo... o desejo contido... e as outras, as emoções que fluem visíveis nos sentimentos de nostalgia e de saudade da terra, da vida que ficou lá, longínqua, do outro lado do mar, no sentimento de solidão e isolamento, e nas lembranças que são a ressonância de uma vida que não existe mais. Tudo isto fluindo em forma de poesia. É a história singela mas comovente da amizade entre um poeta exilado e nostálgico (Pablo Neruda) e um carteiro analfabeto com um poeta dentro de si e com sede de aprender, para quem tudo ao redor se torna poesia: o mar, a ilha, as embarcações, os pescadores, o som do vento e o canto das gaivotas, a praia e as ondas que nela se quebram, o céu, a imensidão, os sons do silêncio, os sons da alma... e do amor... Impossível ficar indiferente a tanta beleza e emoção brotando, em forma de poesia, desta história. Depois do filme, falta a leitura do livro, acho que vou procurá-lo, preciso voltar à ilha do poeta aprendiz...

samedi 1 mai 2010

Duccio Nacci


Conheci Duccio Nacci na sua cidade natal, San Gigminiano, onde ele nasceu, vive e trabalha até hoje. Passando na Piazza del Duomo, chamou-me a atenção aquela vitrine com fotos lindas. Parei para olhar mas logo fui atraída para dentro e deparei-me com um atelier repleto de fotos magníficas da Toscana: tinha entrado na Botega del salle de Duccio Nacci!
Centenas de fotos a preto e branco e a côres, para todos os olhares, para todos os gostos mas todas elas plenas de emoção e expressividade. Perguntei se tinham à venda um livro com as fotos expostas e a resposta foi positiva, Toscana dell'anima... ao lê-lo fiz a maravilhosa descoberta dos poemas que acompanhavam cada foto. Cerca de 200 páginas de maravilhosas fotografias ilustradas com palavras (e não o contrário), que são como uma legenda para aquilo que os olhos vêem e para o que a alma capta. Posso dizer sem exagerar que esse contacto com um filho da Toscana e sua maneira apaixonada de ver a sua terra, as gentes, a arquitectura e a própria arte foi um dos momentos altos da viagem. Agora sempre que quero "regressar" à Toscana folheio o livro, leio os poemas e deixo a imaginação fazer o resto...